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Hendrix forever

Por em Set.19, 2010, Categoria Cultura

shutterstock_12144304_bxLá no começo dos anos 1990, em casa de amigos, fui apresentado a um casal havia voltado da Alemanha. Sabendo-me publicitário, mostraram-me uma novidade: um cartão telefônico. Por aqui ainda usávamos fichas, que às vezes demoravam a cair e completar a ligação, fato que deu origem à expressão “cair a ficha”.  Mais que encantado com a tecnologia da época, o cartão telefônico mexeu com meu DNA profissional pois admitia a veiculação de anúncios em seu verso. Para a minha surpresa, a mensagem que vi ali, naquele espaço reduzido, me marcou demais, dois desenhos lado a lado, um de Beethoven e outro de Jimi Hendrix com o seguinte título: “Da cultura ao culto”.

Sensacional como a criação publicitária consegue, em sua concisão cortante, envolver tanto, emocionar tanto, comunicar demais. Beethoven havia sido pop em seu tempo até virar uma referência cultural das mais significativas. Hendrix também trilhou este caminho. Ambos são cultuados. Lindo, preciso e inteligente.

Minha história com o Hendrix, a do culto, começou no fim dos anos 1970. Começou no dia em que ouvi Hey Joe e Purple Haze, motivando-me a comprar uma guitarra e, tempos depois, a abandoná-la pela impossibilidade de ser um milésimo do que Jimi havia sido. Honestamente, eu que já gostava de rock, fui levado ao delírio.

“Well she’s walking through the clouds”, Little Wing, três décadas depois gravada maravilhosamente bem por Cássia Eller; “Because I’m a Voodoo Chile, Lord knows I’m a Voodoo Chile”, Voodoo Chile; “Have you ever been (have you ever been) to electric ladyland?  The magic carpet waits for you so don’t you be late”, Have you ever been. Canções? Hinos. Lisérgicos, rebeldes, libertadores. Hinos criativos, virtuosos, que fizeram escola – Pepeu Gomes, gênio, foi um dos melhores alunos da Hendrix Rock’n Roll School que se tem notícia por aqui.

Hinos que inspiraram, no encerramento de Woodstock, a releitura de um outro hino, o norte-americano. Com suas distorções e inventividade,  Hendrix reproduziu em Star-Splanged Banner sons de bombardeios aéreos, alusão à Guerra do Vietnã que, pelos preceitos do movimento hippie e do seu lema Paz e Amor, deveria cessar imediatamente.

Tocar com a guitarra nas costas, no meio das pernas, com os dedos do pé; atear fogo numa joia chamada Fender Stratocaster; entrar no palco chapadão. Jimi Hendrix marcou gerações. Seu som, incomparável e inesquecível, sua vontade de descobrir possibilidades musicais, sua expressão preciosa cessaram naquele 18 de setembro de 1970. Dias depois o acompanharia Janis Joplin. Meses mais tarde Jim Morrison, completando o que parecia ser a maldição do J.

Jimi faleceu aos 27 anos; o culto ao qual pertenço persiste há 40. O rock, no entanto, nunca mais foi o mesmo.

Fernando Brengel

Complementando, hoje a TV faz 60 anos de Brasil. Viva! TV que informa e entretém. O veículo que me pôs em contato com o Hendrix e com o mundo.

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